Um dos jogos que recomendamos para este mês de maio foi Indika, um jogo que foi lançado no dia 02/05 e que resolvi dar uma chance por causa de sua proposta original, diferente do que já vi em outros jogos.
Pois bem, eu joguei e terminei Indika e resolvi trazer uma breve análise para você e dizer se eu indico Indika ou não. Desculpe, eu tinha que fazer a piadinha infame de quinta série.
O que é Indika?
Indika é um jogo que foi criado pelo estúdio Odd Meter, fundado em 2011 pelo desenvolvedor russo Dimitry Svetlov e distribuído pela editora 11 bit studios quem são os editores de obras-primas como Frostpunk, Moonlighter e This War of Mine.
O jogo se passa em uma Rússia alternativa do século XIX, onde teremos que assumir o papel de uma jovem e modesta freira chamada Indika que, por alguma razão desconhecida, constantemente ouve a voz do diabo. Ele ridiculariza os dogmas cristãos e às vezes força a garota a violá-los.
Os habitantes do mosteiro não gostam de Indika e mandam-na entregar uma carta ao Padre Herman. No início da jornada, a protagonista conhece o prisioneiro fugitivo Ilya e juntos embarcam em uma perigosa jornada. Falarei um pouco mais sobre a história mais adiante.
Jogabilidade
Sobre a jogabilidade, Indika é um jogo de aventura baseado em uma história em terceira pessoa. Na maioria das vezes você explora vários locais, como uma vila abandonada ou uma fábrica de peixes. Como comparativo, esses episódios lembram as primeiras horas de Resident Evil Village, que é um jogo de terror e sobrevivência em uma vila do Leste Europeu.
Em Indika, você resolve alguns puzzles (quebra-cabeças) que têm uma dificuldade mediana, nem muito fáceis, nem muito difíceis, dependendo da sua habilidade com esse tipo de jogo.
Os controles são simples e em geral respondem bem. Em Indika não existe combate. Há algumas ocasiões que você precisa fugir do confronto, até porque não há outra possibilidade. Ou é isso ou morte. Game over.
O jogo é linear, ou seja, só existe um caminho a trilhar, não há muito o que explorar, com exceção de alguns objetos ortodoxos, como livros e itens sagrados que Indika encontra durante sua jornada que servem para contar sobre o passado da jovem freira e alguns fatos históricos sobre a igreja da região.
Algumas descobertas liberam pontos, mas que não servem para nada. Inclusive o próprio jogo deixa isso bem claro nas telas de carregamento.
Existem alguns momentos em que rementem às lembranças de Indika. Nesses momentos o jogo muda para um formato pixelado. Na verdade, são como mini games dentro do jogo em forma de lembranças.
Reze para não cair em tentação
Um detalhe importante a destacar na jogabilidade de Indika é a influência do diabo que, algumas vezes influencia o mundo ao redor o deixando literalmente distorcido.
A tela fica vermelha brilhante, uma música estranha toca ao fundo e o capiroto sussurra coisas desagradáveis para a garota. Você pode interromper esse estado segurando o botão da oração: Indika começa a rezar e o mundo volta à sua normalidade, se é que podemos chamá-lo assim.
Não quero entrar muito em detalhes para não “spoilar”, mas o mundo fora do mosteiro é um tanto quanto estranho. Ao jogar, você vai entender o que estou dizendo.
É interessante como essa mecânica da oração é explorada em alguns momentos do jogo. Por exemplo: para contornar um penhasco ou chegar a uma plataforma, você precisa passar de uma realidade para outra. Uma forma interessante de mostrar como é difícil para uma menina equilibrar o pecado e a virtude.
Desempenho
Indika foi desenvolvido no Unreal Engine 5 e tem gráficos bem bonitos. Principalmente a textura da roupa de Indika chama a atenção. É interessante ver como a neve que cai em alguns momentos fica no véu de Indika. Aliás, este é um dos pontos fortes do jogo, seu visual e sua ambientação.
O jogo não é tão pesado, como requisitos mínimos ele sugere um processador Ryzen 3600 ou um i5 10400F, 16GB de RAM e uma GPU RX 580 ou GTX 1660.
Como requisitos recomendados, a configuração continua a mesma, exceto pelas GPUs. Neste caso, uma RTX 3060 TI ou uma RX 6700xt.
No meu caso, o jogo rodou bem, na maioria das vezes. Só uma vez que o jogo crashou e outra vez ficou aparecendo alguns artefatos gráficos na metade da tela, daí tive que reiniciar o jogo para voltar ao normal. Joguei em Full HD, num i5 com 3.5 Ghz, 16 GB de RAM e uma GPU RX 6600. O jogo ficou variando entre 55 e 60 FPS. Joguei com uma configuração gráfica personalizada que fica entre médio e alto.
Pontos fortes e pontos fracos de Indika
Pontos positivos
Indika, como qualquer outro jogo, tem suas qualidades e defeitos. Como ponto forte, eu já citei, mas apenas reforçando, é sua ambientação e sua estética com cenários belos, intrigantes e ao mesmo tempo surreais, alguns até meio “malucos” eu diria.
Outro ponto forte, que talvez seja o que mais se destaca, é sua originalidade. Qual outro jogo você controla uma freira que luta literalmente contra seus demônios internos?
O grande foco de Indika é a narrativa, a história que tenta transmitir ao jogador o conflito entre o bem e o mal de uma forma diferente, mais neutra e filosófica, digamos assim.
O jogo também conta com um certo humor negro por parte do diabo, satirizando algumas situações envolvendo a religiosidade e a fé. Algo que pode incomodar pessoas mais religiosas ou sensíveis à fé.
Durante o jogo você fica curioso para entender o que realmente está acontecendo com aquele lugar, com Indika, como ela vai se livrar do mal e do pecado, como o prisioneiro Ilya vai terminar sua jornada, entre outras coisas.
Pontos negativos
Apesar de Indika ter um bom enredo, ele parece não ter tempo para se desenvolver, o que é uma pena. A impressão que tive é que a introdução e o meio da história foram bem escritos, mas os desenvolvedores não pareciam ter tempo suficiente para a segunda metade do jogo.
A narrativa fica instável e os personagens brigam e fazem as pazes sem qualquer explicação. Os autores se aprofundam muito no tema da relação entre Indica e seu companheiro Ilya, mas o diabo permanece em segundo plano quase até o fim.
A situação com a jogabilidade é semelhante. No primeiro tempo, você se diverte com tarefas e mecânicas interessantes, mas no segundo tempo elas quase não são utilizadas.
O exemplo mais marcante e ofensivo são as transições de uma realidade para outra com a ajuda da oração. Existem apenas dois desses episódios, e então os autores esquecem a mecânica.
A trilha sonora, ao meu ver, também não combina muito com a ambientação de jogo. As faixas de Indika lembram músicas de antigos jogos pixelados.
Outro ponto negativo que eu acho que é o que mais se destaca é a duração do jogo. Eu levei cerca de 5 ou 6 horas para terminar o jogo. E olha que eu gosto de jogar bem devagar, explorando tudo que é possível. E teve uns 2 quebra-cabeças que demorei um pouco para resolver.
Tive a impressão que os autores poderiam explorar um pouco mais o jogo, os personagens, principalmente no final. Também soube que algumas cenas de gameplay que foram mostradas antes do lançamento do jogo não estavam presentes no produto final. Quem sabe em atualizações futuras? Ou até mesmo em um “Indika 2”.
Veredito: Indika ou não Indika?
Minhas considerações finais é que Indika é sim um bom jogo, mas que do meio para o fim deixou um pouco a desejar tanto na narrativa quanto na jogabilidade. Mas isso não significa que o jogo fique ruim ou chato, até porque ele não demora muito para terminar. Não dá tempo de ficar desinteressante.
Indika seria um jogo perfeito para estar no Game Pass, pois mesmo custando R$ 66,59 (preço promocional até o dia 16 de maio), talvez você não queira desembolsar essa grana por um jogo tão curto.
E não vou tirar sua razão, pois o jogo não tem um fator replay interessante, que te incentive a rejogar. Este é um jogo que você irá jogar uma, no máximo duas vezes e observar algum detalhe que passou batido na primeira vez e depois nunca mais vai tocar nele.
Se você gosta de jogos com histórias originais, com foco na narrativa e com alguns puzzles, eu indico Indilka pra você. Porém, talvez você queira esperar uma promoção, mesmo o preço não sendo exorbitante, como a maioria dos jogos que são lançados hoje.
Agora se você gosta de jogo com muita ação, jogos longos, com combate, mundo aberto, com fator replay interessante, eu não indico Indika para você. E outro detalhe: Indika não é um jogo de terror. Se você for jogar com essa expectativa, pode se frustrar.
Se fosse para dar uma nota, eu daria um 7,5. Um bom jogo, original, com uma história e narrativa envolventes, mas que deixou uma sensação que dava para explorar um pouco mais seu potencial.
Indika está disponível para PC nas lojas Steam e GOG e será lançado para PS5 e Xbox Series no dia 17 de maio.